sábado, 5 de novembro de 2011

Paciência.



Certas coisas acontecem na tua vida pra refletir exatamente as escolhas que o teu subconsciente insiste em adiar.Já disse que estou nessa maldita fase do vestibular  , e embora eu tente ao máximo não pensar no que eu vou estar fazendo ano que vem é estranho ter uma tela em branco na minha vida  no prazo máximo de dois meses.Mas esse não é o assunto principal desse post,na verdade eu nem sei qual é o assunto principal desse post.Ele surgiu em mais um dos sábados melancólicos que eu passo ouvindo música,lendo e me entediando na internet.Nesse, vendo umas fotos de alguns ex-colegas de teatro  me bateu uma tristeza tão grande,tão profunda  e que na verdade só emergiu mas que no fundo estava submergido nos confins da minha razão.E a ironia maior,que vem martelando a algum tempo na minha cabeça  é que o dia da apresentação final ,se eu ainda estivesse no curso,é o dia que será realizado o  Vestibular da Universidade mais renomada do país;é como um tapa na cara,um painel luminoso que te faz escolher ,embora de forma genérica,o  caminho da tua vida,sempre gritando que quem tem grana pode fazer o que quer e você não.E eu sei que se tivesse continuado qual teria que ser a minha escolha.
Eu abandonei o curso de teatro no meio porque não estava conseguindo conciliar minha vida de vestibulanda,proletária,filha, e  porque estava sobrecarregada com o batalhão de problemas que mesmo o teatro que foi a coisa mais prazerosa que eu já fiz me dava.Dois meses depois sem as aulas, sem os ensaios,sem os exercícios eu vejo que por mais cansativo e trabalhoso que fosse eu estava melhor antes.
Eu nem sei porque diabos eu tendo a ser excepcionalmente sensível ,e não sensível no sentido de romântica nem nada disso,sensível no sentido de sentir as coisas com uma profundidade maior ,deixar que elas me afetem mais profundamente e até mesmo pra não passar a imagem de frágil botar meu maldito lado racional em ação, whatever isso é uma coisa que só um terapeuta vai conseguir me curar, o ponto é que no palco essa sensibilidade era extravasada, eu podia sair de casa no clima mais pesado que fosse quando eu voltava minha alma vinha leve,flutuando,tranqüila. Agora é como se um pedaço meu tivesse ficado escondido em algum lugar e eu não consiga saber onde.
Parei pra conseguir me preparar melhor pro vestibular.Nossa parabéns! Disse a politicamente correta.E de que porra de utilidade essa merda de politicamente correta vai adiantar?Minhas probabilidades de passar na Fuvest,no ENEM em NADA aumentaram e minha angústia que há tempos estava razoavelmente sob controle me ataca em ondas cada vez mais profundas.
Queria entender que mundo é esse que tem que submeter as pessoas a desejos comuns pra considera-las corretas,que mundo é esse que  diz que você tem que se sacrificar por um ano,dois,três pra fazer uma maldita prova com questões que você nunca vai usar na vida, pra você passar numa maldita Universidade que no fundo quer  que você não esteja ali, pra conseguir uma porcaria de um diploma que vai fazer você ser um proletário com Ensino Superior e  ter a linda ilusão de que você vai ter dinheiro,conforto e vai morrer feliz.E todos esses questionamentos não passam de coisas de aborrecentes rebeldes e frustrados com o mundo.Como diz o Lenine eu vou fingir ter paciência até meu cérebro se esquecer de pensar em coisas  tão banais como o sentido da minha vida.
O pior de tudo é que a única forma de você ver certas pessoas que se sacrificaram por você terem uma velhice tranqüila é essa porque você sabe que se você for fazer o que você gosta vai acabar debaixo da ponte.Mas tudo bem, você não vai fazer isso,você vai pra Universidade vai se formar vai pegar metrô lotado,vai pagar seu apartamento pro resto da vida,vai comprar a tevê LCD em 3D que apita e faz café,vai comprar um carro e mesmo assim vai ficar preso no trânsito infernal da cidade grande,vai trabalhar mais porque você precisa comprar mais.E a angústia?É a angústia já vai estar tão impregnada na tua alma e em  um estado tão apático que quando ela der sinais de sobrevida vai ser facilmente esquecida com um programa de televisão qualquer.

Enquanto todo mundo espera a cura do mal e a loucura finge que isso tudo é normal Eu finjo ter paciência...